terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Cabelos: Do Vermelho "desbotado" ao Rosa

Então....
Agora já mudei a cor... e cortei.




Passei pelo loiro, laranja, vermelho cereja, e aí parei um tempo, cortei uma vez, cortei outra vez, e cansei do cabelo desbotado e parti pro Rosa.








 AMEEEEI meu cabelo rosa!!!!

Usei a tinta Color Express Fun - Pink Show - da Salon Line. Pelo que pesquisei é linha nova, e eu encontrei nas Lojas Rede aqui de Belo Horizonte por R$12,90 (amei o preço).



Ela é uma tinta sem amônia e com óleos hidratantes. Fiz um teste de mechas primeiro e meu cabelo aguentou tranquilo e pegou bem a tinta.

Agora que já passei, lavei e sequei, sinto meu cabelo bem macio.

UPDATE: 


Já retoquei mais duas vezes. De 15 em 15 dias eu retoco. O vermelho que está por baixo aparece bastante, de acordo com as lavagens, e acaba dando um "degradê". Mas a cor tá ficando MARAVILHOSA e eu tô amando. Lembrando que eu não passo na raiz, pra tentar manter ela sem química.




Gostaram?


Por: Karol Almeida

domingo, 7 de setembro de 2014

Cabelos: Do loiro "quase platinado" ao Vermelho

Pois bem,

Mudei novamente a cor do meu cabelo, mas agora vou manter essa cor por bastante tempo (assim espero). Meu cabelo sofreu muito nessas últimas semanas.



Vou contar um pouco do que fiz para que ele ficasse com o tom que está agora.



Primeiro, meu cabelo estava um loiro bem claro, com algumas poucas mechas em preto. Como ainda tinha resquícios da tinta preta que eu havia passado anteriormente, precisei retirar o máximo desse preto e as mechas.

Descolori novamente apenas onde estava preto. Foram utilizados produtos da Ecosmetics Internacional. Após a descoloração passei a Tinta 8.3 Loiro Claro para pre pigmentar.

Após a pre pigmentação foi misturado as tintas 7.3 Loiro médio  + 0.44 Cobre com OX de 20. 
Meu cabelo já estava um pouco danificado (pq descolori tem pouco tempo), mas consegui.



Deixei por 20 minutos apenas, no cabelo e consegui essa cor.
No sol ele tá ficando LARANJA. <3
E eu tô amando... TALVEZ mês que vem eu feche um pouco do tom do vermelho. Mas, por enquanto, tô adorando meu "Ruivo natural"...

Fiz minha coloração com o Ulisses Victor Araujo.

************EDIÇÃO!!!************

Fiz mais uma coloração, já que o vermelho desbota muito e fechei um pouco o tom. Puxei pro vermelho cereja, e pretendo manter ele. <3 AMEI!

Utilizei o tom 66.46.



Karol Almeida

sábado, 23 de agosto de 2014

Cabelos: Do Preto Azulado ao Platinado - Pt. 02

Pois bem....

Estou de volta para mostrar como meu cabelo está.

Fiz várias hidratações. Estou utilizando os produtos da TRESemmé de Hidratação Profunda e está funcionando SUPER bem no meu cabelo. As vezes uso aquelas ampolas de hidratação, que são bem baratinhas e fáceis de encontrar. Antes eu lavava todos os dias, e agora lavo um dia sim e um dia não.



Após as duas descolorações, decidi não descolorir mais vezes. Então decidi tentar clarear utilizando a violeta genciana. 

Procurei tutoriais no youtube e tem dois que eu gostei muito:

1 - Nay Firens




2- Scandalous Makeup Pat


Esses dois vídeos me ajudaram muito. Mas, como ainda havia resquícios da tinta preta no meu cabelo não consegui chegar ao branco que eu queria, mas consegui um loiro BEM clarinho. Também fiquei com medo de ficar com o cabelo roxinho, então acho que fiz bem fraquinho das duas vezes.

Meu cabelo estava assim:



A primeira vez que fiz o resultado foi esse:


Esse bobo ao fundo é meu namorado. :P
Na segunda vez, o resultado ficou assim:


E é dessa forma que pretendo mantê-lo por um tempo, mas já estou de olho na cor vermelha. Será que animo?

E você, que cor gostaria de pintar seu cabelo?

Karol Almeida

domingo, 3 de agosto de 2014

Cabelos: Do Preto Azulado ao Platinado - Pt. 01

Olá,

Pois é, como viram no título, estou platinando meu cabelo. Estou fazendo mechas e vou falar um pouco sobre ele e colocar aqui algumas fotos durante o processo.

Hoje meu cabelo está dessa forma e vou falar sobre como foi e todos os cuidados que tenho que tomar.
Como era meu cabelo?

Meu cabelo sempre foi preto, e com o tempo os cabelos brancos resolveram aparecer. Para tampa-los, eu passava tinta preta / preta azulada. 



As únicas químicas que havia feito no cabelo era o uso da tinta e progressiva. Faço progressiva tem ANOS, mas com bastante tempo entre uma e outra. Meu cabelo é MUITO oleoso, e lavo ele, praticamente, todos os dias. Nunca fui acostumada a fazer hidratação, pois, por ser muito oleoso, evitava ao máximo passar qualquer tipo de creme nele, que não fosse o shampoo e o condicionador.

Porque decidi platinar o cabelo?

A minha primeira ideia era fazer um sidecut no cabelo, e platinar APENAS o sidecut, como vi no vlog da Narumi (link na foto), pra não ser tão radical de uma vez só. MAS, o tempo passou e decidi por platinar ele todo.




A intenção era ter uma cor mais pro cinza do que pro branco. Mas, por toda a química no meu cabelo, não consegui por agora, mas ainda pretendo chegar na cor.




Como platinei meu cabelo?

Procurei um amigo cabeleireiro especialista em cores, o Ulisses Victor Araujo, de Conselheiro Lafaiete - MG. Ele conseguiu deixar meu cabelo BEM claro já na primeira descoloração e matização, que demorou MUITO, já que eu ainda estava com um pouco de tinta preta no cabelo. Comecei a fazer às 21:00 e saí de lá 4:00. Pois é, todo mundo já estava morto.


 Marquei de descolorir novamente após duas semanas. Durante esse tempo fiz uma hidratação simples, e lavei um dia sim, um dia não (estou acostumada a lavar todos os dias), e utilizei duas vezes um shampoo que o Ulisses fez pra mim, com mistura de Violeta Genciana e Água Oxigenada. Só de passar o shampoo já senti diferença na cor, e estava menos amarelo.


Após as duas semanas voltei novamente, e ele descoloriu e matizou mais uma vez. Dessa vez foi mais rápido, mas meu cabelo sofreu um pequeno corte químico. Então ele precisou fazer uma reconstrução. Ele disse que não posso fazer uma outra descoloração agora, já que meu cabelo ficou muito frágil. 




Então vou tentar clarear aos poucos, com ajuda da violeta genciana e de outros produtos que irei comprar amanhã. Assim que tiver os produtos posto aqui a parte 02 para falar sobre eles.

Se tiverem dúvidas, perguntem nos comentário que tentarei responder da melhor forma possível. ;)

Até a próxima parte.
Karol Almeida
isses Victor AraujoUlisses Victor AraujoUlisses Victor AraujoUlisses Victor AraujoUlisses Victor AraujoUlisses Victor Araujo

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Tatuagem Dói? - PT.2

Opa! Tudo legal?

Voltei para falar mais um pouco sobre tatuagens. Hoje eu vou mostrar as minhas pra vocês, e falar como foi fazer cada uma delas. Vou tentar colocar na ordem que fiz.

Tenho 16 tatuagens no total. A minha primeira foi aos 18, o que é MUITO recomendado, porque, caso eu tivesse feito a primeira assim que tive vontade, eu teria feito com 14 anos, e hoje eu teria escrito "Charlie Brown Jr." no cóccix ( :P ).

Para convencer meus pais que não era nada demais, eu comecei fazendo em lugares que eu conseguiria tampar, para caso algum emprego fosse contra, ou algo assim. Isso é muito importante, já que ainda existe um certo preconceito. Mesmo com essas 16, ainda consigo tampar com uma calça, uma blusa simples e um tênis.

Então, resolvi que a primeira seria um desenho que um ex-aluno meu de violão desenhou pra mim, que foi uma rosa, simples. Fiz no meio das costas, perto da costela. Um lugar bastante incomum. Não um pouco quando chegava na costela ou perto da coluna, mas a parte das folhas não doeu nada. Fiz com o Clebão no Fantasy Tattoo Studio.

A primeira!

Depois dessa, fiz uma que ganhei de aniversário. Um amigo tatuador disse que iria fazer, e fiz duas claves de sol nos ombros. Mas uma delas pretendo tampar ou completar com um desenho. Nos ombros doeram apenas a parte que pega no ossinho que temos ali. Também do Fantasy Tattoo Studio.


Duas Claves.
Depois dessas 3, já comecei a gostar mais de tatuagem, e decidi fazer uma. Procurei no google e achei um desenho qualquer e fiz. Não me arrependo, até gosto, mas, se fosse hoje, acho que não teria feito ela. Hahahaha. Ela está na minha nuca. Doeu quando pega na coluna. Essa também doi no Fantasy Tattoo Studio.

Nuca
A partir da 4ª tatuagem, comecei a abusar. Fiz a maior tatuagem que eu tenho, mas ainda falta terminar. Perdi o contato com o tatuador, que é de outra cidade, mas pretendo ano que vem correr atrás disso. O desenho é do artista Gustavo Rimada, um mexicano, que tem desenhos LINDOS, e que eu tatuaria mais uns dez. Modifiquei apenas as tatuagens no braço dela, pois o tatuador disse que não ficaria muito bom aquele desenho da tatuagem numa tatuagem. Então, como sempre, escute o tatuador. Essa doeu muito na parte do cabelo, que é bem na costela. Usei um tipo de anestesia, que o tatuador aplicava depois que já tinha começado a tatuar, e aplicava no pano que ele estava limpando, assim aliviou um pouco, mas doeu. Fiz com o Lobinho, no Lobinho Tattoo.

Gustavo Rimada
Após essa, comecei a me tatuar enlouquecidamente. Foi uma época um pouco atordoada, e cheguei a fazer duas tatuagens no mesmo dia. As que tenho na coxa são as minhas favoritas. As da coxa foram as que menos doeram. Tenho um coldre com uma colt (fiz com o Alcides Correa na Tattoo Network), tenho escrito "Tarantino & Rodriguez" que são dois diretores de cinema que eu amo, tem uma caveira mexicana em estilo Latino (essas duas fiz com o Eduardo Rodriguez na Unità ink 3ece), e tenho uma cena de Laranja Mecânica (Que fiz com a Tati).

Coxa
Tenho na panturrilha também, mas ainda estou terminando. Não doeram muito, foram bem tranquilas de fazer. Estão sendo feitas com Newton Cesar, também na Tattoo Network.

Panturrilha
Tenho na costela, além da mulher, um número 13 e uma coruja. A coruja eu adorei fazer. O número 13 foi a que mais doeu. A coruja foi um amigo que desenhou. A coruja fiz com o Eduardo Rodriguez e o 13 com o Alcides Correa


E as últimas que eu fiz, foram homenagens aos meus pais. No pé dizem que dói MUITO. Mas, com sinceridade, a minha não doeu tanto. O peito do pé é mais tranquilo do que fazer florzinha na parte do lado do pé. A única parte que doeu foi quando o tatuador ia chegando mais perto do lado mesmo. Mas o peito do pé é MUITO tranquilo, na minha opinião. As tatuagens do pé fiz com o Robson Torres, também na Tattoo Network.


Enfim, essas são minhas tatuagens, e se tiverem mais dúvidas, podem perguntar. :)
Depois farei um post com alguns estilos de tatuagem. Quais vocês gostariam de ver por aqui?

Leia mais na Tatuagem Dói? PT.1
Post por: Karol Almeida
Fotos: Acervo Pessoal

sexta-feira, 28 de março de 2014

A Mulher Mais Linda Da Cidade – Charles Bukowski

O post de hoje será um conto do meu escritor favorito Charles Bukowski. Ele fala sobre a mulher mais linda da cidade, e de como ele "perdeu" ela. Esse conto fala sobre a beleza da mulher, a inveja e o amor, mesmo que escondido. É meu conto favorito, de todos que já li. 
(Não ligue para os palavrões ou pornografias, o Bukowski é assim mesmo.) 

A Mulher Mais Linda Da Cidade 
– Charles Bukowski



Das 5 irmãs, Cass era a mais moça e a mais bela. E a mais linda mulher da cidade. Mestiça de índia, de corpo flexível, estranho, sinuoso que nem cobra e fogoso como os olhos: um fogaréu vivo ambulante. Espírito impaciente para romper o molde incapaz de retê-lo. Os cabelos pretos, longos e sedosos, ondulavam e balançavam ao andar. Sempre muito animada ou então deprimida, com Cass não havia esse negócio de meio termo. Segundo alguns, era louca. Opinião de apáticos. Que jamais poderiam compreendê-la. Para os homens, parecia apenas uma máquina de fazer sexo e pouco estavam ligando para a possibilidade de que fosse maluca. E passava a vida a dançar, a namorar e beijar. Mas, salvo raras exceções, na hora agá sempre encontrava forma de sumir e deixar todo mundo na mão.

As irmãs a acusavam de desperdiçar sua beleza, de falta de tino; só que Cass não era boba e sabia muito bem o que queria: pintava, dançava, cantava, dedicava-se a trabalhos de argila e, quando alguém se feria, na carne ou no espírito, a pena que sentia era uma coisa vinda do fundo da alma. A mentalidade é que simplesmente destoava das demais: nada tinha de prática. Quando seus namorados ficavam atraídos por ela, as irmãs se enciumavam e se enfureciam, achando que não sabia aproveitá-los como mereciam. Costumava mostrar-se boazinha com os feios e revoltava-se contra os considerados bonitos — “uns frouxos”, dizia, “sem graça nenhuma. Pensam que basta ter orelhinhas perfeitas e nariz bem modelado… Tudo por fora e nada por dentro…” Quando perdia a paciência, chegava às raias da loucura; tinha um gênio que alguns qualificavam de insanidade mental.

O pai havia morrido alcoólatra e a mãe fugira de casa, abandonando as filhas. As meninas procuraram um parente, que resolveu interná-las num convento. Experiência nada interessante, sobretudo para Cass. As colegas eram muito ciumentas e teve que brigar com a maioria. Trazia marcas de lâmina de gilete por todo o braço esquerdo, de tanto se defender durante suas brigas. Guardava, inclusive, uma cicatriz indelével na face esquerda, que em vez de empanar-lhe a beleza, só servia para realçá-la.

Conheci Cass uma noite no West End Bar, Fazia vários dias que tinha saído do convento. Por ser a caçula entre as irmãs, fora a última a sair. Simplesmente entrou e sentou do meu lado. Eu era provavelmente o homem mais feio da cidade — o que bem pode ter contribuído.

— Quer um drinque? — perguntei.

— Claro, por que não?

Não creio que houvesse nada de especial na conversa que tivemos essa noite. Foi mais a impressão que causava. Tinha me escolhido e ponto final. Sem a menor coação. Gostou da bebida e tomou varias doses. Não parecia ser de maior idade, mas, não sei como, ninguém se recusava a servi-la. Talvez tivesse carteira de identidade falsa, sei lá. O certo é que toda vez que voltava do toalete para sentar do meu lado, me dava uma pontada de orgulho. Não só era a mais linda mulher da cidade como também das mais belas que vi em toda minha vida. Passei-lhe o braço pela cintura e dei-lhe um beijo.

— Me acha bonita? — perguntou.

— Lógico que acho, mas não é só isso… é mais que uma simples questão de beleza…

— As pessoas sempre me acusam de ser bonita. Acha mesmo que eu sou?

— Bonita não é bem o termo, e nem te faz justiça.

Cass meteu a mão na bolsa. Julguei que estivesse procurando um lenço. Mas tirou um longo grampo de chapéu. Antes que pudesse impedir, já tinha espetado o tal grampo, de lado, na ponta do nariz. Senti asco e horror.

Ela me olhou e riu.

— E agora, ainda me acha bonita? O que é que você acha agora, cara?

Puxei o grampo, estancando o sangue com o lenço que trazia no bolso. Diversas pessoas, inclusive o sujeito que atendia no balcão, tinham assistido a cena. Ele veio até a mesa:

— Olha — disse para Cass, — se fizer isso de novo, vai ter que dar o fora. Aqui ninguém gosta de drama.

— Ah, vai te foder, cara!

— É melhor não dar mais bebida pra ela — aconselhou o sujeito.

— Não tem perigo — prometi.

— O nariz é meu — protestou Cass, — faço dele o que bem entendo.

— Não faz, não — retruquei, — porque isso me dói.

— Quer dizer que eu cravo o grampo no nariz e você é que sente dor?

— Sinto, sim. Palavra.

— Está bem, pode deixar que eu não cravo mais. Fica sossegado.

Me beijou, ainda sorrindo e com o lenço encostado no nariz. Na hora de fechar o bar, fomos para onde eu morava. Tinha um pouco de cerveja na geladeira e ficamos lá sentados, conversando. E só então percebi que estava diante de uma criatura cheia de delicadeza e carinho. Que se traia sem se dar conta. Ao mesmo tempo que se encolhia numa mistura de insensatez e incoerência. Uma verdadeira preciosidade. Uma jóia, linda e espiritual. Talvez algum homem, uma coisa qualquer, um dia a destruísse para sempre. Fiquei torcendo para que não fosse eu.

Deitamos na cama e, depois que apaguei a luz, Cass perguntou:

— Quando é que você quer transar? Agora ou amanhã de manhã?

— Amanhã de manhã — respondi, — virando de costas pra ela.

No dia seguinte me levantei e fiz dois cafés. Levei o dela na cama.

Deu uma risada.                                     

— Você é o primeiro homem que conheço que não quis transar de noite.

— Deixa pra lá — retruquei, — a gente nem precisa disso.

— Não, pára aí, agora me deu vontade. Espera um pouco que não demoro.

Foi até o banheiro e voltou em seguida, com uma aparência simplesmente sensacional — os longos cabelos pretos brilhando, os olhos e a boca brilhando, aquilo brilhando… Mostrava o corpo com calma, como a coisa boa que era. Meteu-se em baixo do lençol.

— Vem de uma vez, gostosão.

Deitei na cama.

Beijava com entrega, mas sem se afobar. Passei-lhe as mãos pelo corpo todo, por entre os cabelos. Fui por cima. Era quente e apertada. Comecei a meter devagar, compassadamente, não querendo acabar logo. Os olhos dela encaravam, fixos, os meus.

— Qual é o teu nome? — perguntei.

— Porra, que diferença faz? — replicou.

Ri e continuei metendo. Mais tarde se vestiu e levei-a de carro de novo para o bar. Mas não foi nada fácil esquecê-la. Eu não andava trabalhando e dormi até às 2 da tarde. Depois levantei e li o jornal. Estava na banheira quando ela entrou com uma folhagem grande na mão — uma folha de inhame.

— Sabia que ia te encontrar no banho — disse, — por isso trouxe isto aqui pra cobrir esse teu troço aí, seu nudista.

E atirou a folha de inhame dentro da banheira.

— Como adivinhou que eu estava aqui?

— Adivinhando, ora.

Chegava quase sempre quando eu estava tomando banho. O horário podia variar, mas Cass raramente se enganava. E tinha todos os dias a folha de inhame. Depois a gente trepava.

Houve uma ou duas noites em que telefonou e tive que ir pagar a fiança para livrá-la da detenção por embriaguez ou desordem.

— Esses filhos da puta — disse ela, — só porque pagam umas biritas pensam que são donos da gente.

— Quem topa o convite já está comprando barulho.

— Imaginei que estivessem interessados em mim e não apenas no meu corpo.

— Eu estou interessado em você e também no seu corpo. Mas duvido muito que a maioria não se contente com o corpo.



Me ausentei seis meses da cidade, vagabundeei um pouco e acabei voltando. Não esqueci Cass, mas a gente havia discutido por algum motivo qualquer e me deu vontade de zanzar por aí. Quando cheguei, supus que tivesse sumido, mas nem fazia meia hora que estava sentado no West End Bar quando entrou e veio sentar do meu lado.

— Como é, seu sacana, pelo que vejo já voltou.

Pedi bebida para ela. Depois olhei. Estava com um vestido de gola fechada. Cass jamais tinha andado com um traje desses. E logo abaixo de cada olheira, espetados, havia dois grampos com ponta de vidro. Só dava para ver as pontas, mas os grampos, virados para baixo, estavam enterrados na carne do rosto.

— Porra, ainda não desistiu de estragar sua beleza?

— Que nada, seu bobo, agora é moda.

— Pirou de vez.

— Sabe que sinto saudade — comentou.

— Não tem mais ninguém no pedaço?

— Não, só você. Mas agora resolvi dar uma de puta. Cobro dez pratas. Pra você, porém, é de graça.

— Tira esses grampos daí.

— Negativo. É moda.

— Estão me deixando chateado.

— Tem certeza?

— Claro que tenho, pô.

Cass tirou os grampos devagar e guardou na bolsa.

— Por que é que faz tanta questão de esculhambar o teu rosto? — perguntei. — Quando vai se conformar com a idéia de ser bonita?

— Quando as pessoas pararem de pensar que é a única coisa que eu sou. Beleza não vale nada e depois não dura. Você nem sabe a sorte que tem de ser feio. Assim, quando alguém simpatiza contigo, já sabe que é por outra razão.

— Então tá. Sorte minha, né?

— Não que você seja feio. Os outros é que acham. Até que a tua cara é bacana.

— Muito obrigado.

Tomamos outro drinque.

— O que anda fazendo? — perguntou.

— Nada. Não há jeito de me interessar por coisa alguma. Falta de ânimo.

— Eu também. Se fosse mulher, podia ser puta.

— Acho que não ia gostar de um contato tão íntimo com tantos caras desconhecidos. Acaba enchendo.

— Puro fato, acaba enchendo mesmo. Tudo acaba enchendo.

Saímos juntos do bar. Na rua as pessoas ainda se espantavam com Cass. Continuava linda, talvez mais do que antes.

Fomos para o meu endereço. Abri uma garrafa de vinho e ficamos batendo papo. Entre nós dois a conversa sempre fluía espontânea. Ela falava um pouco, eu prestava atenção, e depois chegava a minha vez. Nosso diálogo era sempre assim, simples, sem esforço nenhum. Parecia que tínhamos segredos em comum. Quando se descobria um que valesse a pena, Cass dava aquela risada — da maneira que só ela sabia dar. Era como a alegria provocada por uma fogueira. Enquanto conversávamos, fomos nos beijando e aproximando cada vez mais. Ficamos com tesão e resolvemos ir para a cama, Foi então que Cass tirou o vestido de gola fechada e vi a horrenda cicatriz irregular no pescoço — grande e saliente.

— Puta que pariu, criatura — exclamei, já deitado. — Puta que pariu. Como é que você foi me fazer uma coisa dessas?

— Experimentei uma noite, com um caco de garrafa. Não gosta mais de mim? Deixei de ser bonita?

Puxei-a para a cama e dei-lhe um beijo na boca. Me empurrou para trás e riu.

— Tem homens que me pagam as dez pratas, aí tiro a roupa e desistem
de transar. E eu guardo o dinheiro pra mim. É engraçadíssimo.

— Se é — retruquei, — estou quase morrendo de tanto rir… Cass, sua cretina, eu amo você… mas pára com esse negócio de querer se destruir. Você é a mulher mais cheia de vida que já encontrei.

Beijamos de novo. Começou a chorar baixinho. Sentia-lhe as lágrimas no rosto. Aqueles longos cabelos pretos me cobriam as costas feito mortalha. Colamos os corpos e começamos a trepar, lenta, sombria e maravilhosamente bem.

Na manhã seguinte acordei com Cass já em pé, preparando o café. Dava a impressão de estar perfeitamente calma e feliz. Até cantarolava. Fiquei ali deitado, contente com a felicidade dela. Por fim veio até a cama e me sacudiu.

— Levanta, cafajeste! Joga um pouco de água fria nessa cara e nessa pica e vem participar da festa!

Naquele dia convidei-a para ir à praia de carro. Como estávamos na metade da semana e o verão ainda não tinha chegado, encontramos tudo maravilhosamente deserto. Ratos de praia, com a roupa em farrapos, dormiam espalhados pelo gramado longe da areia. Outros, sentados em bancos de pedra, dividiam uma garrafa de bebida tristonha. Gaivotas esvoaçavam no ar, descuidadas e no entanto aturdidas. Velhinhas de seus 70 ou 80 anos, lado a lado nos bancos, comentavam a venda de imóveis herdados de maridos mortos há muito tempo, vitimados pelo ritmo e estupidez da sobrevivência. Por causa de tudo isso, respirava-se uma atmosfera de paz e ficamos andando, para cima e para baixo, deitando e espreguiçando-nos na relva, sem falar quase nada. Com aquela sensação simplesmente gostosa de estar juntos. Comprei sanduíches, batata frita e uns copos de bebida e nos deixamos ficar sentados, comendo na areia. Depois me abracei a Cass e dormimos encostados um no outro durante quase uma hora. Não sei por quê, mas foi melhor do que se tivessemos transado. Quando acordamos, voltamos de carro para onde eu morava e fiz o jantar. Jantamos e sugeri que fossemos para a cama. Cass hesitou um bocado de tempo, me olhando, e ao respondeu, pensativa:

— Não.

Levei-a outra vez até o bar, paguei-lhe um drinque e vim-me embora. No dia seguinte encontrei serviço como empacotador numa fábrica e passei o resto da semana trabalhando. Andava cansado demais para cogitar de sair à noite, mas naquela sexta-feira acabei indo ao West End Bar. Sentei e esperei por Cass. Passaram-se horas. Depois que já estava bastante bêbado, o sujeito que atendia no balcão me disse:

— Uma pena o que houve com sua amiga.

— Pena por quê? — estranhei.

— Desculpe. Pensei que soubesse.

— Não.

— Se suicidou. Foi enterrada ontem.

— Enterrada? — repeti.

Estava com a sensação de que ela ia entrar a qualquer momento pela porta da rua. Como poderia estar morta?

— Sim, pelas irmãs.

— Se suicidou? Pode-se saber de que modo?

— Cortou a garganta.

— Ah. Me dá outra dose.

Bebi até a hora de fechar. Cass, a mais bela das 5 irmãs, a mais linda mulher da cidade. Consegui ir dirigindo até onde morava. Não parava de pensar. Deveria ter insistido para que ficasse comigo em vez de aceitar aquele “não”. Todo o seu jeito era de quem gostava de mim. Eu é que simplesmente tinha bancado o durão, decerto por preguiça, por ser desligado demais. Merecia a minha morte e a dela. Era um cão. Não, para que pôr a culpa nos cães? Levantei, encontrei uma garrafa de vinho e bebi quase inteira. Cass, a garota mais linda da cidade, morta aos vinte anos.

Lá fora, na rua, alguém buzinou dentro de um carro. Uma buzina fortíssima, insistente. Bati a garrafa com força e gritei:

— MERDA! PÁRA COM ISSO, SEU FILHO DA PUTA!

A noite foi ficando cada vez mais escura e eu não podia fazer mais nada.


Post por: Karol Almeida
Fonte: A mulher mais linda da cidade 
& outras histórias - Charles Bukowski

domingo, 23 de março de 2014

Dica: Lupita Nyong'o

  

Lupita Amondi Nyong'o é uma atriz mexicana com naturalidade queniana, . É a primeira de seu país a ser indicada e a vencer um Óscar de melhor atriz secundária (coadjuvante), no filme 12 Anos de Escravidão, além de primeira a vencer o prêmio SAG de melhor atriz secundária em cinema.


Durante a cerimônia de entrega do OscarLupita Nyong'o emocionou o público ao dizer que aquela grande felicidade sentida por ela era, lamentavelmente, consequência de um enorme sofrimento - referindo-se à trajetória de sua personagem em 12 Anos de Escravidão. E terminou aconselhando que outras também acreditem em seus sonhos, como ela própria fez.


Antes de completar um ano, a família voltou para o Quênia, país de origem de onde haviam saído menos de três anos antes do nascimento da segunda dos seis filhos do casal. O retorno ocorreu para que o pai assumisse a função de professor na Universidade de Nairóbi. O nome diferente também tem uma origem curiosa. Lupita é uma carinhosa referência à padroeira do México, Nossa Senhora de Guadalupe.


Em entrevistas, Lupita já contou que sua infância na África foi o primeiro contato com a arte de atuar. Na escola e em família, era a primeira a escolher os personagens e representar para colegas e parentes. Quando completou 16 anos, seus pais a mandaram de volta ao México, para fazer intercâmbio e aprender espanhol - idioma no qual é fluente, junto com inglês, swahili e luo, línguas faladas pelas etnias africanas.

Para levar adiante seu sonho de atuar, estudou cinema na Yale School of Drama, na universidade americada de Yale. Fez figuração, trabalhou atrás das câmeras e estrelou um curta. Sob sua direção foi lançado, em 2009, o documentário In My Genes (Em Meus Genes, em livre tradução), sobre as pessoas albinas no Quênia. Ela foi transitando entre um trabalho e outro até que apareceu o teste para 12 Anos de Escravidão. E a vida nunca mais seria a mesma para Lupita.

Cena do Filme "12 Anos de Escravidão"
As misérias vividas pela personagem no filme contrastam com a imagem que, desde a primeira aparição, Lupita imprimiu no showbizz. Sempre bem vestida e elegante, com corpo atlético e absolutamente nada fora do lugar, ela é a nova sensação dos fashionistas. Sua maquiagem, seus acessórios e, claro, os vestidos que desfila nos tapetes vermelhos, não deixam dúvida de que ela tem estilo e sabe o que está fazendo. Já esteve nos sofás dos principais talkshows dos Estados Unidos, como Oprah Winfrey, Queen Latifah e Ellen DeGeneres, assim como nas capas de revistas como New York e Vanity Fair. Além de prêmios como o do Sindicato dos Atores, Globo de Ouro e Critic's Choice, ela também ganhou os olhares, a atenção e o coração do mundo.



Hoje Lupita esbanja confiança diante das câmeras e nos tapetes vermelhos. Mas nem sempre foi assim.

— Me lembro de um tempo em que não me sentia bonita. Eu ligava a tevê e só via mulheres brancas. Eu era motivo de chacota pela minha pele negra. Mas tudo mudou quando Alek Wek apareceu. Modelo famosa, ela era negra como a noite, estava em todas as revistas e passarelas. Todos comentavam como ela era linda — revelou.



Segundo Lupita, a quebra de paradigma sobre o belo lhe deu forças para perseguir os sonhos e finalmente se ver como uma mulher bonita:

— Um dia, Oprah Winfrey disse que Alek era linda. Eu não conseguia acreditar que as pessoas aceitavam uma mulher que se parecia tanto comigo como um modelo de beleza.

Links:



Post por Karol Almeida
Fonte: Zero Hora